Saúde e Bem-estar

Tudo sobre toxoplasmose na gestação

Atualizado em: 29/11/22 | Dicas de saúde

Tudo sobre toxoplasmose na gestação

toxoplasmose na gestação é algo a ser evitado. Isso porque, apesar de não costumar ser grave para a maioria da população, a doença pode provocar complicações severas nos fetos. É o caso, por exemplo, dos problemas oculares e neurológicos. Assim, é importante conhecer as formas de contágio e se prevenir.

Neste artigo, explicamos o que é a doença e como se dá sua transmissão na gravidez. Mostramos, também, quais são os cuidados necessários em relação aos gatos. Confira!

O que é toxoplasmose?

A toxoplasmose é uma doença parasitária que costuma ser adquirida na infância e adolescência e, geralmente, não provoca sintomas. Quando sintomática, pode gerar febre, calafrios, sudorese, dor de cabeça, dores pelo corpo, ínguas, manchas na pele e distúrbios oculares.

No entanto, a enfermidade nem sempre é “tranquila”. Pessoas imunossuprimidas, por exemplo, podem ter sequelas severas.

Além disso, em caso de infecção primária durante a gestação, há o risco de afetar o bebê. Trata-se da chamada toxoplasmose congênita, uma doença grave cuja contaminação se dá pela placenta.

Estima-se que ela acometa um terço das gestantes com infecção ativa. Essas são mulheres que contraíram a doença imediatamente antes de engravidar ou ao longo da gestação.

Outro dado interessante é que, conforme a idade gestacional aumenta, o risco de transmissão vertical também fica mais alto. Porém, quando a infecção ocorre nas primeiras semanas, as sequelas na prole tendem a ser mais graves.

A boa notícia é que, após o nascimento, as lactantes com toxoplasmose podem amamentar normalmente. Isso porque, o parasita não é transmitido pelo leite materno.

Como ocorre a toxoplasmose na gestação?

Há duas maneiras de se adquirir toxoplasmose durante a gestação. São elas:

  • via contato direto com o parasita, por meio da água ou do solo contaminados;
  • pela ingestão de alimentos contaminados, tais como carne (porco, galinha ou cordeiro) mal cozida ou curada, frutas e vegetais não lavados e crustáceos crus (peixes crus não transmitem toxoplasmose e o seu consumo durante o pré natal pode ser permitido, mas, como existe a possibilidade de transmitir outras infecções e alguns peixes possuem alto teor de metal pesado, converse a respeito com seu obstetra antes do consumo).
  • leite de cabra não pasteurizado, assim como produtos derivados dele;
  • frutos do mar contaminados, tais como ostras ou mexilhões crus (filtradores) coletados de águas contaminadas.

Caso a infecção materna seja confirmada, por meio do rastreio sorológico (exame de sangue), indica-se a profilaxia medicamentosa até o parto. Para investigar a infecção fetal, realiza-se a amniocentese (análise do líquido amniótico) entre a 17ª e a 32ª semana gestacional. Se a toxoplasmose congênita for confirmada, indica-se o tratamento com medicação oral.

Vale destacar que, se a soroconversão materna ocorrer após a 32ª semana, recomenda-se o tratamento independentemente da confirmação da contaminação fetal. Isso porque, o risco de transmissão vertical no final da gestação é muito alto.

Ao longo da gestação, o acompanhamento da saúde materna é feito com hemogramas. Já o acompanhamento fetal é realizado com o ultrassom, para avaliar sinais de anemia e hidropsia (acúmulo de líquidos), bem como a vitalidade em geral.

O que acontece com os bebês infectados congenitamente?

Boa parte dos bebês infectados pela toxoplasmose na gestação e não tratados são assintomáticos ao nascer. É o caso dos que manifestam a doença de maneira leve ou subclínica. Na França, por exemplo, aproximadamente 90% das crianças nascidas vivas com toxoplasmose congênita são assintomáticas ao nascimento, sendo que dois terços dos recém-nascidos sintomáticos têm a doença moderada e um terço apresenta quadros graves.

Ainda assim, eles correm risco de sofrer sequelas tardias graves. É o caso da coriorretinite por toxoplasmose (inflamação do fundo do olho), do estrabismo, da catarata e de outros problemas oftalmológicos. Além disso, podem ocorrer complicações como icterícia, micro ou macrocefalia, crises convulsivas, retardo mental, surdez e anormalidades motoras.

Como prevenir a contaminação de toxoplasmose na gestação?

Para evitar a contaminação pela toxoplasmose, recomenda-se:

  • fazer a higiene rigorosa das mãos após tocar no solo (por exemplo, na jardinagem);
  • congelar as carnes, pelo menos, por 24 horas (em freezer doméstico), antes de prepará-las;
  • comer carnes e frutos do mar bem cozidos, evitando prová-los antes de estarem prontos;
  • lavar, com água fervente e detergente, tábuas de corte, facas e demais utensílios culinários, assim como a pia e o balcão, após preparar os alimentos com risco de contaminação cruzada;
  • não consumir leite ou derivados não pasteurizados, principalmente, provenientes de cabras;
  • ingerir apenas água tratada ou após fervê-la por, no mínimo, cinco minutos;
  • higienizar frutas e vegetais que serão consumidos crus adequadamente, deixando-os de molho em uma solução de hipoclorito de sódio (água sanitária), comercializada em mercados, sacolões, farmácias, entre outros estabelecimentos.

Quais são os cuidados para quem tem gatos?

No caso de quem tem gatos de estimação, o risco de transmissão ocorre somente se o animal estiver infectado. Isso porque, eles liberam milhões de oocistos pelas fezes, por um período de uma a três semanas.

Esses oocistos, por sua vez, tornam-se infecciosos entre um e cinco dias após serem liberados. Com isso, permanecem infectantes no ambiente por cerca de um ano, principalmente, em regiões de clima quente e úmido.

Assim, somente se houver contato com o solo, água ou alimento contaminado pelas fezes do gato, pode ocorrer a contaminação por toxoplasmose. Acariciar e brincar com o animal, no entanto, não implica em riscos.

Sendo assim, veja como as tutoras de felinos, grávidas ou não, podem se prevenir:

  • limpar a caixa de areia diariamente, usando luvas descartáveis;
  • manter as caixas de areia ao ar livre e cobertas;
  • não dar carnes malcozidas ou cruas;
  • se possível, manter o animal dentro de casa, para evitar que o mesmo cace e se contamine;
  • não colocar as mãos em gatos desconhecidos ou adotar um novo amigo enquanto estiver grávida.

Assim, para evitar a toxoplasmose na gestação basta seguir as boas práticas relacionadas à prevenção. Portanto, lave bem as mãos e tome cuidado com o preparo dos alimentos, bem como a procedência da água. Se morar com algum gatinho, siga as orientações dadas à risca. Dessa forma, sua gestação tem tudo para ser saudável!

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Ginecologista, obstetra e diretor técnico do Espaço Binah - CRM/SC 13.883 | RQE: 9909

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