Quem está se planejando para ter um filho sabe o quanto as perguntas e dúvidas sobre a saúde começam a permear a rotina da mulher antes mesmo de a gravidez chegar. Uma das dúvidas mais comuns ouvidas nos consultórios dos obstetras é: quem tem endometriose pode engravidar? Ela tem cura?
Considerada uma doença da mulher moderna, a condição costuma ser diagnosticada quando a intensidade das cólicas menstruais aumenta muito ou, ainda, quando há dificuldade em engravidar. Neste artigo, vamos responder algumas questões sobre a endometriose, seus sintomas e tratamentos. Acompanhe conosco.
O que é a endometriose?
A endometriose é uma doença caracterizada pela presença de tecido intrauterino fora da cavidade do útero. Nessa condição, o endométrio — como é chamado esse tecido — pode se desenvolver em outros órgãos da pelve, como as trompas, ovários, intestinos e até bexiga.
A doença afeta hoje cerca de seis milhões de brasileiras. De acordo com vários estudos, incluindo revisões sistemáticas, 10% das mulheres em idade reprodutiva, de 25 a 35 anos são diagnosticadas com essa condição.
A endometriose é divida em três doenças distintas:
- peritoneal – caracteriza-se pela presença de implantes superficiais na membrana que reveste o interior da cavidade abdominal;
- ovariana – implantes superficiais no ovário ou cistos (endometriomas);
- endometriose profunda – definida como uma lesão que penetra na parede dos órgãos pélvicos, com uma profundidade de 5 mm ou mais.
Por que ocorre a endometriose?
Todos os meses, o endométrio fica mais espesso para que um óvulo fecundado possa se implantar nele. Quando não há gravidez, esse tecido se descama e é expelido por meio da menstruação. Acredita-se que, quando um pouco desse sangue migra no sentido oposto e cai nos ovários ou na cavidade abdominal, pode causar a lesão endometriótica.
No entanto, a doença também está relacionada a uma série de fatores imunológicos, genéticos, fatores de crescimento e alterações enzimáticas que podem tornar o endométrio mais suscetível ao desenvolvimento da doença.
Quem tem endometriose pode engravidar?
Sim, quem tem endometriose pode engravidar. Embora exista, comumente, mais dificuldade em conseguir engravidar naturalmente, ela pode ocorrer. Dependendo da intensidade da doença, o número e qualidade dos óvulos podem ser menores. Além disso, a inflamação e as aderências dificultam a fertilização. Estima-se entre 30% a 50% a taxa de infertilidade relacionada à endometriose.
No entanto, com tratamento e acompanhamento médico adequados, a gestação pode ocorrer e se desenvolver normalmente. As complicações na gravidez relacionadas a endometriose são raras e, ainda que em alguns casos a doença possa aumentar o risco de placenta baixa e parto prematuro, sequer existe a necessidade de um acompanhamento pré-natal diferente do convencional.
Quais os sinais da endometriose?
Como dissemos há pouco, o diagnóstico de endometriose normalmente se dá quando a mulher começa a sentir aumento na intensidade das dores durante a menstruação, além da dificuldade de engravidar naturalmente. No entanto, há alguns sintomas que podem estar associados à doença e que merecem atenção:
- cólica menstrual intensa;
- dor pélvica crônica;
- alterações intestinais cíclicas (distensão abdominal, sangramento nas fezes, constipação);
- dor anal no período menstrual;
- alterações urinárias cíclicas, como urgência em urinar, sobretudo durante o período menstrual;
- infertilidade.
O exame físico é fundamental na suspeita clínica da endometriose. O ginecologista pode, por meio de exame de toque, identificar nódulos ou rugosidades, aderências pélvicas, assim como a presença de massas anexiais, que podem estar relacionados à endometriose.
Como tratar a endometriose?
A endometriose, como mostramos, é uma doença que pode ter várias apresentações. Por essa razão, o tratamento da doença deve ser individualizado e definido pelo ginecologista de acordo com a situação específica de cada pessoa, dependendo da idade, o tipo da doença, os sintomas e o desejo ou não de engravidar.
As principais formas de tratamento são baseadas em medicamentos ou cirurgia. A opção inicial, na imensa maioria das vezes, é medicamentosa. Existem vários esquemas diferentes e a aplicação de um ou de outro vai depender da gravidade do caso em contraposição aos efeitos colaterais de cada um deles.
Além disso, o especialista também considera outros fatores, como o financeiro, por exemplo. Em casos selecionados, a cirurgia pode ser indicada. Quando essa é a indicação, a cirurgia de endometriose é feita pelo ginecologista, por videolaparoscopia, e consiste em remover todos os focos da doença, independentemente da sua localização.
Se a doença estiver instalada em órgãos não-genitais, como o intestino ou a bexiga, por exemplo, deve contar com uma equipe multidisciplinar, com a participação de coloproctologista e urologista, por exemplo. Apenas a análise criteriosa e individualizada, além da explicação detalhada das opções terapêuticas, levando em conta a opção da paciente, será capaz de determinar precisamente qual a melhor abordagem em cada situação.
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