O consumo de álcool na gravidez implica em riscos maternos e, principalmente, fetais. Portanto, é preciso reforçar que não existe quantidade segura para a ingestão de bebidas alcoólicas, seja para quem está grávida ou tentando engravidar. Segundo as sociedades médicas, isso vale para todas as opções, incluindo vinho e cerveja.
Neste artigo, entenda porque, quando se trata de álcool na gravidez, a tolerância é zero. Boa leitura!
Como o álcool age no organismo da mulher?
É fato: as mulheres estão bebendo mais. O chamado consumo abusivo de álcool entre elas aumentou 4,25%, entre 2010 e 2020.
Esse hábito provoca uma série de problemas de saúde, os quais vão de infertilidade à cirrose hepática, doenças cardiovasculares e até alguns tipos de neoplasias, como o câncer colorretal. Isso sem falar na dependência química (alcoolismo) e seus decorrentes transtornos físicos e psíquicos.
Quais são os riscos do consumo de álcool na gravidez, especificamente?
Como mencionado, a ingestão de álcool é extremamente comum entre as mulheres em idade reprodutiva. Isso faz dele um importante agente teratogênico, ou seja, causador de desenvolvimento pré-natal anormal, cujas consequências são irreversíveis.
Vale destacar que, nas gestantes, os efeitos deletérios não se limitam às primeiras semanas, mas ocorrem em qualquer idade gestacional. De maneira geral, a exposição ao álcool no primeiro trimestre está associada a anomalias faciais e problemas estruturais.
Já no segundo trimestre, relaciona-se ao risco de aborto espontâneo. Por fim, no terceiro trimestre, provoca alterações de crescimento, bem como pode levar ao parto prematuro.
Uma vez presente no sangue materno, o álcool passa para o feto por meio do cordão umbilical. Isso pode provocar diversos tipos de deficiências físicas, comportamentais e intelectuais irreversíveis — os chamados transtornos do espectro alcoólico fetal (TEAF).
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, os TEAF são uma das principais causas de atrasos no neurodesenvolvimento. Em suas formais mais leves, eles podem provocar:
- baixo peso ao nascer;
- problemas de audição e de visão;
- alterações repentinas de humor;
- falta de memória e de atenção;
- características faciais anormais
- dificuldade de controle comportamental.
No mais, os TEAF prejudicam as habilidades de aprendizagem, a capacidade de comunicação, o equilíbrio emocional, entre outras questões. Dessa forma, afetam não apenas a infância, mas têm consequências a longo prazo.
Portanto, se você ingeriu álcool na gravidez (por exemplo, antes de descobrir que estava gestante), compartilhe essa informação com seu obstetra. Ele irá orientá-la sobre como adotar uma rotina saudável, acompanhando a evolução da gestação com todo zelo e atenção.
O que é a chamada síndrome alcoólica fetal?
A síndrome alcoólica fetal (SAF) é uma das sequelas graves provocadas pelos TEAF. Estima-se que sua incidência fique entre 0,6 e três casos a cada mil nascidos vivos, os quais podem apresentar:
- alterações na face (como lábios finos e pálpebras pequenas);
- deficiências físicas (como malformações das mãos e dos pés);
- redução do crescimento (intrauterino e/ou posterior ao nascimento);
- lesões no sistema nervoso central, ligadas a distúrbios de neurodesenvolvimento (incluindo retardo mental leve a moderado).
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), quando o bebê não apresenta as características faciais que permitem diagnosticar a SAF ao nascer, essa se manifesta na fase escolar. Assim, a criança terá problemas de aprendizagem, de comportamento, entre outros.
O que fazer em caso de alcoolismo na gestação?
O primeiro passo é deixar o preconceito de lado e encarar a realidade para buscar ajuda adequada. As gestantes que bebem álcool na gravidez podem pertencer a qualquer classe socioeconômica, idade e raça. Para complicar, muitas vezes o hábito é associado ao uso de drogas ou outras substâncias nocivas.
Nesses casos, o acompanhamento pré-natal precisa ser conduzido por uma equipe multidisciplinar altamente capacitada, capaz de reconhecer o problema e:
- encorajá-las a entender os efeitos prejudiciais do álcool, bem como demais vícios, na gestação;
- orientá-las acerca das estratégias de cessação, as quais variam conforme o quadro individual;
- quando necessário, indicar programas específicos para o(s) respectivo(s) tratamento(s).
Felizmente, pessoas grávidas são altamente motivadas a mudar comportamentos em benefício de seus filhos. Além disso, nunca é tarde para interromper o uso de álcool na gravidez, o que reflete de forma imediatamente positiva na saúde e bem-estar do bebê. Afinal, os efeitos da exposição pré-natal ao álcool variam não apenas em relação à idade gestacional e ao padrão de consumo, mas também em função do tempo de exposição.
Para concluir, o melhor conselho para as futuras mamães é: interrompa o consumo de bebidas alcoólicas quando começar a tentar engravidar. Como mostrado, o uso de álcool na gravidez pode provocar deficiências físicas e/ou distúrbios de neurodesenvolvimento, os quais afetam o indivíduo por toda a vida.
Achou o conteúdo interessante? Aproveite para seguir o Espaço Binah no Facebook e no Instagram e confira uma série de dicas de cuidados e orientações sobre com a saúde feminina!